Usabilidade é coisa séria

Achei em uns antigos backups aqui no escritório um cd com minhas colunas para a revista WWW. Escrevi estas colunas nos anos de 2005 e 2006. Como elas ainda não estavam disponíveis para os leitores do blog, resolvi colocá-las aqui aos poucos. O que replicarei no blog é o texto bruto, enviado para os editores da revista. Os textos podem estar antigos e, ainda, terem erros. Conto com vossa compreensão. Boa leitura!

Coluna enviada para a revista WWW no dia 1 de novembro de 2005

Usabilidade é coisa séria

O assunto já foi abordado diferentes vezes nesta coluna, mas nunca de maneira direta. Faz parte do principio “osssso”, jamais deve ser deixado de lado em um projeto web e, obviamente, deve ser pensado em todos os serviços e sistemas hipertextuais que usam – ou não – a web como suporte.

Usabilidade é algo que só recentemente vem sendo aplicado à web, mas o conceito, os métodos e os princípios são muito anteriores a ela. Aqui na W vocês tiveram a oportunidade de ler uma matéria bem abrangente sobre o tema e sua aplicação na web. A leitura desta matéria especial é mais do que recomendada para aqueles que se importam em construir websites eficientes.

Então, voltando à Usabilidade (sem nunca ter saido dela). Trata-se de um assunto sério e que, por isso, dispensa a falsa colaboração de doidos, maluquinhos, opinadores e demais aproveitadores de plantão. Mas não é um tema difícil, apesar de sua abrangência, seriedade e complexidade. Tanto que, em novembro, tivemos o dia mundial da Usabilidade (http://www. worldusabilityday. org/), promovido pela UPA (Usability Professionals’ Association – http://www. upassoc. org/). Com aplitude global, como o próprio nome diz, o dia mundial da Usabilidade contou com eventos em mais de 30 países, inclusive no Brasil.

O dia 3 de novembro – data escolhida – teve como mote a valorização da Usabilidade, mostrando a sua importância. O slogan era: “Making it easy”, que não poderia traduzir melhor o conceito do termo Usabilidade: fazer as coisas serem mais fáceis de usar.

No Brasil tivemos eventos em Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo. Em BH, onde pude, honrosamente, ser um dos professores participantes, a quantidade de inscritos e a ocupação dos auditórios onde o evento foi realizado mostrou que a preocupação em desenvolver tecnologias, dispositivos e sistemas de fácil utilização é crescente e merece a atenção de quem desenvolve sistemas interativos, com grande destaque para a web.

Muitos eram os interessados em tecnologias, dispositivos e websites fáceis e simples de usar para suas empresas, entidades, instituições governamentais e clientes. Afinal de contas, se é difícil de usar, as pessoas evitarão o uso, certo?

Foi um dia bastante produtivo, posso dizer. Pudemos mostrar a todos os interessados duas coisas muito importantes que compartilho aqui com vocês:

1 – Usabilidade deve ser uma preocupação presente em todo o processo de desenvolvimento de um produto, tecnologia, serviço ou sistema interativo (iclua aí os websites), e não no final, como muita gente está acostumada a ver. Estes pequenos detalhes podem fazer uma enorme diferença – tanto orçamentária, evitando gastos desnecessários com retrabalho, quanto em satisfação do usuário;

2 – Usabilidade significa pesquisa, avaliação e método, coisa que muita gente esquece e acaba se baseando apenas em opiniões e achismos. Avaliações e testes de usabilidade são apresentam resultados mensuráveis que implicam em ações diretas e específicas que podem representar impactos substanciais aos projetos de desenvolvimento de novos produtos, sistemas, tecnologias e serviços.

Em suma: poder conversar sobre um assunto tão interessante e importante, não poderia ter sido melhor; tanto lá quanto cá. E é por isso que eu aproveito, mesmo já tendo passado quase um mês da realização do evento, para reforçar este conselho primordial para que você faça bom uso da rede: inclua avaliações de Usabilidade em todo o processo de desenvolvimento de sistemas interativos. O usuário agradecerá e, consequentemente o seu cliente e – talvez num apelo mais ‘capitalista’ – o seu bolso também.

Propaganda de publicidade de propaganda

olha só, ainda sobre os “porquês”.

vocês viram a campanha de seguros do itaú? tudo legal, roteiro bem feito, imagens muito bacanas, os anjos matam a pau (a anja que chega correndo e pede desculpas pelo atraso é impagável). mas os caras jogam tudo na lixeira no momento em que decidem colocar a punch-line com “porque blablabla…”

é um pecado.

toda vez que algum redator usa porque num anuncio uma criança perde um pouco da sua capacidade de discernimento.

Eu esperava o contrário

eu assisti “os idiotas” e fiquei consternado. um soco no estômago daqueles que você nunca se esquece.

aí eu assisti “dançando no escuro” e levei outro soco que me levou ao chão.

então eu fui assistir “dogville” esperando desmascarar o tal diretor que insistia em me bater.

mas eu não consegui.

levei outro baita soco na boca do estômago. o filme é bom pacas e o tal lars realmente chuta sete bundas com um pé só ao mesmo tempo. a melhor catarse do cinema dos últimos tempos.

o sr. von trier entra para a lista de diretores admirados e respeitados por este humilde [cc].

Web Advertising

é sempre bom perceber o que está rolando à volta em web advertising. apesar de muita baboseira, a gente acaba achando umas coisas bem supimpas.

a última que eu achei foi um webad em rich media veiculado no yahoomail por uma empresa de controle de pestes (cupins). nada clichê do tipo os cupins roendo o site nem nada. . . o que os caras fizeram foi uma iniciativa batuta que não te força a sair do site que está para saber mais sobre o assunto. você só sai se decidir realmente visitar o ‘site de verdade’ da empresa. do contrário, você se aprofunda bastante sobre os serviços por ela prestados numa espécie de hot-site que fica ‘embutido’ no site do veiculador do ad.

ok, eu admito, não é uma novidade inédita.  já teve gente fazendo isso. mas o que é bacana é perceber que são poucas as pessoas que pensam neste tipo de publicidade interativa. o anúncio que interage de verdade com o usuário (sem som, óbvio). sem essa de apenas um clique e você vai pro site do anunciante. aqui (como em outras iniciativas baseadas em jogos) você pode interagir com a peça antes de decidir se vai ou não descarregar o site da empresa no seu pc. supimpa, né?

 

Uau!

adam greenfield escreve uma review de usabilidade para uma espécie de band-aid líquido. o que me assustou não foi o fato de alguém escrever uma review de usabilidade para tal produto, mas sim descobrir que ele tem a composição (ou pelo menos parte dela) igual à da crazyglue, uma cola rápida ao estilo super-bonder.

isso me faz lembrar da história do tecno, que colou a unha do dedão com esta tal cola de secagem ultra rápida.

nem tudo que é bom tem que ser engraçadinho

just 11 years after it was born and about 6 years after it became popular, the web has lost its luster. many who once raved about surfing from address to address on the web now lump site-seeing with other online chores, like checking the in box.  

essa é uma citação de glenn davis, fundador do cool site of the day. na mesma matéria, o jornalista ainda diz: “there are still islands of innovation and creativity on the web. “ que bom, né? mas não é preciso procurar muito para encontrar isso.

a web talvez tenha perdido a graça para quem procurava apenas graça nela, devo acrescentar.

Precisamos conversar sobre estas vagas em Comunicação

No Facebook eu mantenho um grupo para a pós em Comunicação Digital (curso que coordeno). Neste grupo eu costumo postar ofertas de empregos das diversas agências que sigo naquela plataforma.

Um dia eu postei uma vaga e a postagem proporcionou uma bela discussão. Resolvi publicar o que se concluiu da discussão aqui porque acredito que este tipo de conteúdo não merece ficar confinado no Facebook onde muita gente jamais vai ver. Acredito que muita gente precisa ver isso. Os proprietários de agências de comunicação e de empresas que contratam profissionais de comunicação precisam ver isso.

Como disse, tudo começou com a postagem de uma vaga.

O primeiro comentário que apareceu foi de um membro da comunidade do curso dizendo que, com aqueles requisitos e remuneração, a vaga chegava a ser ofensiva.

Ele tem total razão. Chega a ser ofensivo. Achei muito bacanas as ponderações dele. Não discordo de forma alguma que as coisas deveriam ser diferentes. Foi aí que me pus a pensar: Quem sabe este tipo de oferta represente um sintoma de algo mais grave? Será mesmo que a pessoa que fez a descrição desta vaga tem o domínio do que envolve cada uma das atividades? Será mesmo que a pessoa que será contatada terá todas estas atribuições? Será que esta pessoa existe?

Com estas questões em mente, acho que a nossa abordagem poderia ser a seguinte:

Não devemos recusar participar de processos como este. Acho que pelo contrário. A gente tem que participar e tem que tentar, de alguma maneira, mostrar que às vezes são atividades que não fazem parte do mesmo pacote ou que, se fizerem, demandam um investimento maior por parte do contratante.

Acredito que este sintoma demonstra que muita gente não sabe nada ou sabe muito pouco do que envolve o trato em comunicação digital e, claro, em marketing digital também.  

É o que falo em sala de aula na disciplina de Cibercultura. Tem muita gente que faz o que se costuma chamar de Marketing Digital e na real não tem o domínio ou mesmo a noção das atividades que estão envolvidas nisso.  

Entendo que isso pode ser a consequência de uma área em que muitos aventureiros se desbravam e que se desenvolveu meio que “nas coxas”. Isso é muito ruim e traz como consequências estes sintomas que a vaga representa.  

Acontece. Mas a gente pode tentar mudar, mostrando que a coisa não necessariamente é bem assim. Que tal? Confesso que no dia que argumentei isso eu estava com um olhar bastante positivo sobre a coisa toda.

De qualquer forma, eu tento fazer isso como posso. Uma delas é por meio da capacitação de profissionais no curso de Comunicação Digital; tento fazer isso da melhor maneira que consigo. Mas entendo que talvez precisamos fazer mais.

Confesso que tentei antes também via podcast (o Ainda Sem Nome era uma iniciativa nesse sentido). Talvez seja necessário algo além.  

O aluno me respondeu dizendo algo que, novamente, é bastante compreensível. De acordo com ele, suas aventuras por esse meio já datam de mais de ano e não tem dado um bom retorno. Ele reporta na prática algo que falo em sala há tempos: sobra trabalho / falta emprego. Freelancers até conseguem sobreviver, mas à duras custas. Ele relata que os empregos costumam ter descrições como esta, indicando grande demanda de expertise e baixa remuneração (em outras palavras: exploração).

Ele ainda acrescenta:

Fora o leilão inverso que tem sido as vagas que dizem “favor informar pretensão salarial”. . . eu até desanimo. . . Pra mim sempre soa como um leilão ao contrário, algo como “quem topa por menos?

Pow. . . a gente rala pra caramba pra ter uma visão global da comunicação digital, se especializa. . . tira certificações, procura cursos online que complementam a formação e se depara com uma vaga dessas, eu sinceramente, não me submeto a perder um dia produtivo pra ir fazer uma entrevista de uma vaga só pra dizer que o que eles estão pedindo não condiz o que eles estão oferecendo. . .

E, repetindo pela, sei lá, quinta vez: ele tem razão. A galera que anda postando estas vagas parece estar muito fora da realidade. Ou então (minha aposta mais positiva) não tem a menor noção do que se trata comunicação digital.

Claro que há que se considerar que a prática da contratação por PJ ajudou muito a reforçar este esquema precário de trabalho. O salário oferecido por esta empresa está até dentro da faixa de salários para um Analista de Marketing JUNIOR, deve-se ressaltar. Tudo bem que está lá na parte inferior do gráfico. Críticos podem usar este argumento para tentar desconstruir a questão. No entanto, é importante que se considere que os valores referem-se a salários de analistas JUNIOR e que a lista de demandas de expertise não são 100% compatíveis com isso.

Mas qual seria a solução?
Eu tenho pra mim que é preciso educar as pessoas. Educar os clientes e os contratantes. Digo isso porque, na lógica do leilão reverso que que o aluno falou (que infelizmente é a prática), a empresa acaba se dando mal, pois o profissional que se dispõe a encarar isso está numa situação de desespero financeiro total ou então não tem noção do que vai enfrentar.  

No primeiro caso, o portifolio construído o tirará da empresa rapidamente. No segundo caso a empresa corre sério risco de se dar mal. E aí será um aprendizado a duras penas.

Talvez, atuar neste mercado seja uma aposta de médio e longo prazo; até que este aprendizado contemple mais empresas.

Ai, como se não bastasse, dias depois chega essa vaga:

Imagino que depois de ler a proposta você tenha tirado uns minutos para se recompor. Outro colega do grupo se manifestou prontamente:

deixa ver se entendi, tem que gravar e editar vídeos, fazer social media, seo e wordpress?

É de lascar.

Bastante complicado isso de ficar exigindo mundos e fundos em termos de expertise e diferenciais e pagar 2 salários mínimos (ou às vezes nem isso). O fato é que as pessoas precisam aprender (ou cair na real). Não existe profissional mágico que vai saber editar vídeo, dominar Ruby on Rails e ser fera em técnicas de SEO. Este camarada simplesmente não existe. Tem gente que tem noção destas três coisas? Claro! Mas não existe o profissional proficiente nestes assuntos (ou outros três que sejam tão distintos quanto).

Das duas, uma: ou profissional que tem todas estas capacitações simplesmente não existe ou, se existe (vai que, né?) ele demanda um salário muito maior do que você está disposto a pagar. Fato.

Ah, Caio. Mas nessa última vaga nem tem o valor do salário! Vai que é um baita ordenado?

Duvido. E, parafraseando Julinho, digo mais: se você está abrindo uma vaga e não faz ideia de qual deve ser o salário da pessoa que vai trabalhar, há algo de muito errado acontecendo. Falo isso com (propriedade, hehe) relação aos pedidos de pretensão salarial. Pedir pretensão salarial é contraprodutivo! Coloque o valor do salário que você está disposto a pagar; muito melhor do que ficar fazendo profissionais perderem o tempo deles colocando pretensões que você não consegue pagar. Como o colega disse, fica com aquela impressão de leilão reverso que apenas prejudica quem se envolve.

Pois bem. Apesar de tudo, eu acho que a ficha está pra cair. As pessoas estão para entender que Comunicação Digital é mais do que postar uma vez por dia no Facebook e também que fazer comunicação digital demanda uma série de expertises que não necessariamente estão todos reunidos numa única pessoa. Eu tenho pra mim que este aprendizado vai acabar chegando a mais gente. Sei lá. Hoje eu estou otimista como estava no dia em que postei a conversa no grupo.

bem vindo ao . cc do caiocesar na . www

ok. está oficialmente aberto o espaço do caio na rede. depois de elucubrar com todosnoz por quase um ano, resolvi que seria hora de criar vergonha na cara e ter um espaço só meu (bem, antes eu já inha, mas blábláblá. . . ). anyway: o pau continua quebrando e eu voltei pra infernizar a vida de todos que liam as elucubrações fanfarrônicas de todosnoz.

em breve, todos que eram leitores cadastrados (ou seja que me mandaram e-mail pelo menos uma vez) das elucubrações receberão um spam-mail para divulgar este novo espaço. caso você também queira receber este mail, manda uma mensagem pra mim. eu juro que respondo.

ah, antes que alguém me encha a paciência. . . . mostro pra vocês as possíveis explicações para o .cc

1: .cc é a terminação de domínios do caio cesar
2: .cc é pra lembrar das aulas do prof. Souki e falar o seu apelido com a inicial do seu nome
3: .cc é a terminação de domínios registrados na ilha coconut

e, por último: existem ainda umas 350 fotos da minha digicam pra serem colocadas aqui. portanto, não precisa sair por aí comemorando que o .cc do caio não tem imagens.