Recursos interessantes em webdesign: personas

Personas são – de maneira curta e grossa – personagens que você concebe a partir de dados coletados acerca do público para o qual você construirá o site. Elas servem para que você, literalmente, personifique as necessidades e características destes tipos de usuários para que seja mais fácil construir as soluções destinadas a resolver os problemas que eles têm.

É importantíssimo, então, que se tenha muitos dados sobre os diferentes tipos de usuários que seu site vai atender. Estes dados podem ser coletados a partir de observação, entrevistas ou aplicação de questionários. Uma boa referência para se entender o processo de obtenção destes dados iniciais é o vídeo the deep dive, oriundo de um programa da tv americana que mostrou o processo de criação da empresa de design Ideo. No começo do processo, as equipes de design buscam dados sobre os usuários e depois organizam estes dados coletados para nortear a produção da solução. Construir uma persona é um processo que pode seguir este caminho, por exemplo.

As personas vão te acompanhar por todo o processo de construção deste site. No momento inicial, elas te ajudam a definir as funcionalidades do site e a linguagem do conteúdo, por exemplo. Num momento imedaitamente posterior, elas te ajudarão a definir o aspecto visual e orientação criativa do layout das páginas. Na etapa de produção, elas te acompanharão na verificação da adequação das soluções de tecnologia aplicadas. E, claro, em todos os momentos de testes e consultas a usuários elas vão te indicar quem deve ser procurado para colaborar com os procedimentos.

Parece difícil, mas não é. E vá por mim, trabalhar personas traz uma diferença positiva brutal ao resultado final de um projeto web.

Se você se interessou sobre o assunto, consulte a maior referência da web sobre o assunto: Mr Alan Cooper, além de cunhar o termo, escreveu extenso material sobre Personas.

Sobre marketing e relacionamentos

Para quem nunca percebeu, relacionamentos entre empresas e consumidores são como relacionamentos entre pessoas. Sempre uso esta analogia em sala de aula; meus alunos devem estar cansados de ouvir. Funciona com estratégias de venda, relacionamento (óbvio), fidelização e desenvolvimento de produtos.

Veja o caso do Data Liberation Front. É a própria empresa (no caso, Google) te dizendo o que fazer caso você queira se desligar dela. Claro que isso não é novidade. Há uma pá de serviços que oferecem este tipo de informação e funcionalidade a seus usuários. Outro exemplo é o do SquareSpace, que usa esta possibilidade como argumento de venda.

O fato é que é eficiente. E muito.

Como nos relacionamentos pessoais (pense em um namoro, por exemplo): quanto mais possessiva e ciumenta é uma parte, maior é a propensão da outra parte querer se desvencilhar e partir pra outra, certo? Para usar uma analogia zen, pense numa mão segurando um monte de areia. Se a mão fica aberta, a quantidade de areia é maior do que a que fica quando se fecha a mão…

Pra pensar, né?

A importância de uma presença online profissional

Para quem trabalha ou quer trabalhar com web, estar na web é prioridade. Isso pode parecer (e é) básico, mas tem muita gente que ainda não compreende bem esta necessidade.

Convença-me

A possibilidade de teletrabalho que a internet oferece e a cada vez mais crescente tendência de os trabalhos serem executados por equipes de freelancers ao invés de empresas formalmente estabelecidas (ou ainda: as empresas formalmente estabelecidas têm contratado cada vez mais profissionais freelancers independentes – desculpem o pleonasmo – para colaborar em seus trabalhos) faz com que seja cada vez mais necessário para estes profissionais figuararem de maneira profissional na web.

Aparecer para ser contratado

Quando uma agência ou produtora vai contratar um profissional para fazer parte de sua equipe ou para colaborar em um projeto, duas coisas são muito importantes: ter referências sobre o profissional e saber das capacidades do profissional.

Num período passado, resolvia-se isso com uma entrevista, análise de currículum e portifólio e um telefonema para alguma referência. Levava tempo.

Hoje, em tempos de mídias sociais, blogs, Twitter e adjacências, é possível fazer uma seleção de um profissional sem que o profissional sequer saiba que está sendo selecionado. Em função disso, este profissional que quer ser selecionado, deve se preparar para que conheçam seu trabalho.

É por isso que recomenda-se que o profissional construa uma presença online sólida e consistente.

Em defesa do site pessoal do profissional

Em termos práticos, construir esta presença online profissional implica em: montar um portifólio de qualidade e expor seus trabalhos mais representativos nele. Em se tratando de um profissional que queira trabalhar com desenvolvimento web, é mais do que básico que este profissional seja dono de seu próprio nariz na rede. Ter um domínio e lá colocar seu portifólio é uma excelente (e básica) decisão.

Além do site com portifólio, é legal que as pessoa mostre suas opiniões e reflexões sobre o cenário profissional. Um blog ajuda a resolver isso de maneira bem interessante. Tem gente que pensa que blog é bobagem ou que é apenas para opiniões pessoais. Nada disso. Pense na situação em que você deve escolher um novo diretor de arte. Você tem dois candidatos com trabalhos muito bacanas. Mas um deles colocou só os seus trabalhos, e o outro tem um blog onde discute – com bons textos e muita propriedade – assuntos relacionados ao oficio do diretor de arte e todas as áreas que com esta se relacionam. A chance de você escolher o segundo (ou de qualquer outra empresa fazer isso) é muito maior. Portanto, mostrar a que veio ao mundo é também muito interessante e não há ferramenta mais apropriada para isso do que um blog.

Ser um usuário ativo de redes de compartilhamento de conhecimento, recomendações e outros tipos de sites e serviços que fomentem a interação social também pode ser muito interessante. Perfis no Twitter, Flickr e Delicious ajudam a mostrar para o mundo o que você faz todos os dias. Afinal, em seu portifólio você coloca apenas aquilo que merece destaque, certo?

Conclusão
(estou adorando escrever posts com “conclusão”)

Com isso tudo, seu site pessoal acaba virando um local que, além de abrigar seu blog, seu portifólio e seu currículum, é também um local onde você concentra as referências para todos os locais onde está presente no ciberespaço. E, convenhamos, não há lugar melhor para fazer isso com toda liberdade que você precisa do que um site seu.

InterAct 2009

Gostaria de ter falado um pouco mais. Gostaria de ter dialogado com a platéia. Gostaria que tivesse dado tempo de finalizar apropriadamente a apresentação. Mas não deu. Então aproveitarei este post para explicar um pouco a minha apresentação no InterAct2009.

A motivação para a apresentação

A minha motivação para esta apresentação era a de deixar claro que fazer design centrado no usuário (DCU) e ter preocupação com usabilidade não são coisas que implicam em fazer sites “feios” ou “quadrados”.

A apresentação

De início, quis mostrar referências que apontam a necessidade de se trabalhar de forma equilibrada as duas vertentes que mais conhecemos quando falamos em design: a funcional/racional e a emocional. Normalmente associa-se o trabalho de DCU e o trato com usabilidade com o lado estritamente racional e funcional do design; e isso faria com que esta “vertente” se coloque de maneira diametralmente oposta à da criatividade e emoção. Só que enxergar estas coisas dessa maneira não é bacana e esta visão de que o emocional se opõe ao racional não é verdade.

A “moral” dessa história é a de que o profissional de design deve equilibrar adequadamente os dois conjuntos de fatores.

Design e emoção

Donald Norman, no excelente trabalho que fez (e vem fazendo) sobre Design Emocional mostra que além de atender quesitos relacionados à funcionalidade, eficiência, utilidade e uso, os dispositivos devem ser pensados para que despertem reações de afetividade, intimidade e afinidade nos usuários.

Em outras palavras, trabalhar usabilidade implica em atender de forma plena quatro conjuntos de quesitos: 1) capacidade de ser usado com sucesso; 2) facilidade de ser usado; 3) capacidade de o usuário aprender a usar o dispositivo de forma simples e rápida; 4) Provocar satisfação ao usuário.

Quem enxerga design como um processo puramente racional ou puramente emocional deixa de lado importantes elementos que não devem ser esquecidos; normalmente falham em função disso.

Os exemplos

Todos os exemplos apresentados referem ao uso racional de tendências visuais sem que sejam desconsiderados aspectos relacionados à facilidade de uso e usabilidade. Há exemplos de sites com animações muito bem contextualizadas sem que seja usado o famigerado Flash. Há exemplos de portais e sites que deixam claro a que vieram e o que pode ali ser feito sem deixar de lado aspectos relacionados à equilibrio e estética. Há exemplos de aplicativos usados pelo browser que são bonitos e eficientes com elegância e há um mau exemplo de uso de tecnologia Flash para “enriquecer” a experiência esquecendo-se de uma série de heurísticas que poderiam ajudar bastante ao verdadeiro enriquecimento da experiência do usuário.

Balanço final

Eu gostaria de ter tido tempo de falar sobre os exemplos escolhidos na hora da apresentação. O ritmo de pastelaria do ambiente não permitiu isso, e nem o diálogo que gostaria de ter tido com os presentes.

Me pareceu que o conteúdo que procurei abordar não era muito bem visto pelos responsáveis pelo ambiente onde me apresentei. Me senti chateado com brincadeiras jocosas feitas antes de me ser dada a palavra e o jeito que minha apresentação foi finalizada – abruptamente – não me agradou. Entendo perfeitamente a questão da limitação do tempo em um evento como estes. Participo deste tipo de evento como palestrante há, pelo menos, dez anos. Já organizei vários e o que ocorreu comigo me pareceu ser a manifestação de alguém que não queria estar alí ou não estava satisfeito com o que estava vendo. Faz parte.

Enfim, de qualquer forma, o balanço do evento foi muito positivo. Não pude estar presente desde o início em função de minhas aulas no doutorado. Cheguei no meio da tarde; mas gostei bastante do que vi. O Tiago e sua equipe do iMasters estão de parabéns. O evento foi muito bacana e iniciativas como esta devem ser sempre valorizadas.

Tô afinzão de ver a apresentação do Horácio sobre acessibilidade. Conversamos no corredor por intermédio do Guilherme Marques mas não pude ver ao vivo a fala dele no evento. Quero muito trocar mais figurinhas sobre o assunto.

Já estou torcendo para a chegada do próximo e ansioso para novos eventos – tanto nacionais (como o de ontem) quanto regionais (BH e Minas carecem muito disso) – onde os profissionais podem trocar idéias e mostrar o que tem sido feito (especialmente em BH; gostaria de ver mais eventos onde os profissionais daqui falam mais… conversei muito sobre isso com o Alexandre e com o Márcio; o povo da Plan B eu não vi lá, mas eles sabem desta minha vontade há tempos e sei que compartilham a coisa).

Mais uma vez, parabéns Tiago e iMasters pelo evento. E obrigado a todos que estavam presentes em minha apresentação.

Agradeço especialmente ao Eduardo Loureiro, ao Herbert Rafael e ao Vorkurs por me apresentarem grande parte dos exemplos (que seriam) comentados.

 

Web 2. 0: Novas considerações

Novamente um post oriundo dos arquivos do blog. Desta vez uma releitura de uma coluna escrita para a Revista WWW em 2005. O post foi publicado no dia 18 de abril de 2009.

Quando o termo surgiu, lá em 2005, confesso que fui um dos primeiros a descer a lenha na conceitualização cunhada por Tim O’Reilly (para quem não lê inglês há uma versão traduzida do artigo original aqui. Mais definições aqui e aqui). Por um bom tempo eu sustentei a argumentação de que a coisa mais parecia um embuste de guru; sem validação e sustentação teórica.

Entretanto, confesso também que minha opinião mudou depois que comecei a refletir bastante em cima das propostas do texto (sim, demorou três anos para isso acontecer. Não se pode apressar algumas coisas e, embora a vida na web seja aparentemente mais rápida do que é no mundo “de verdade”, sem este tempo de reflexão e maturação, ao contrário do que se espera, a sociedade pára).

É importante ressaltar que várias coisas que li e que vi por aí na web não me ajudaram a mudar a opinião. Muito se escreve que a web 2. 0 traduz novos aplicativos e conceitos; o que não é verdade. Por isso que eu ajudava a entoar o coro de que o conceito era questionável (para ser bastante eufêmico). O que ocorre é que web 2. 0 não diz respeito a aplicativos ou a versões da web, como muitos acham que é e outros tantos  (como eu) argumentavam ser total non-sense.

Por isso resolvi escrever estas linhas para buscar uma melhor interpretação e compreensão do termo, que se refere muito mais a uma nova maneira de enxergar a web, e não de fazer a web necessariamente (embora uma coisa possa implicar a outra em grande parte dos casos).

Comecei a perceber isso quando lia e relia as argumentações de O’Reilly, onde ele diz que uma importante característica da web 2. 0 é que a informação agora volta e o UGC é peça-chave para o entendimento da web 2. 0. Quando eu lia e relia estas informações, menos entendia a web 2. 0, pois pensava (com razão): “Mas os fóruns e grupos de discussão são isso há um tempão e a wikipedia é, também bem anterior à web 2. 0; por qual motivo vir com este termo agora? por qual motivo tentar versionalizar algo que não tem jeito de ser versionalizado?”

O fato é que o cerne da questão não é a tentativa de versionalizar nada e nem mesmo de fazer explicações rápidas e isoladas. Da mesma forma que é bastante equivocada a argumentação de que o comércio eletrônico representa a “nova economia”*, é equivocado dizer que a web 2. 0 trata da web como plataforma, ou de aplicativos web usando Ajax ou ainda de “beta permanente”.

É mais do que isso. Web 2. 0 é uma nova (aí sim) maneira de enxergar a web e seu potencial, que sempre esteve lá, mas que somente depois de 10 anos de internet comercial começou-se a usar estas características já há tanto tempo identificadas. É novo porque ainda tem gente que trata a web como um simples canal de comunicação, o que não é bem a realidade. A web é um espaço onde coisas acontecem. Muito mais coisas acontecem neste espaço do que em canais de comunicação convencionais (a TV, o rádio e os jornais impressos, por exemplo, são canais de comunicação onde a informação trafega em apenas uma direção). Por isso é, também equivocado dizer que a web é “apenas” um canal de comunicação.

O conceito de web 2. 0 nos ajuda a enxergar isso. Neste espaço / ambiente em que se configura a web, não há hierarquia, influência do poder econômico e nem a necessidade de uma concessão do governo para enviar mensagens. Este rompimento de paradigma que nasceu com a web, mas que até 2004/2005 parecia estar hibernado, é o que realmente dá significado à web 2. 0. O suporte de aplicativos proporciona apenas (sem desvalorizar, claro) a estrutura para que isso ocorra com mais facilidade e acesso a um maior número de pessoas.

Mas por qual motivo falar disso agora?Bem, em primeiro lugar, pois eu não vi em nenhum lugar este tipo de explicação e fazer este tipo de esclarecimento me parce bastante oportuno no momento. Em segundo lugar, para deixar claro o meu entendimento da coisa a quem interessar possa.

Mas o mais importante motivo que me faz querer falar disso agora é que tenho visto muitas empresas que têm a faca e o queijo nas mãos para usar e abusar da web 2. 0 e se beneficiar bastante com isso, mas escolhem um caminho que pode não ser muito legal. Citarei três (para não deixar este post ainda mais longo) exemplos de empresas que em pleno ano de 2009 parecem não ter sacado o conceito (viu como eu não demorei tanto?) de verdade.

Para exemplificar e analisar a coisa com o mínimo de rigor metodológico, escolhi empresas de varejo. Tomo com referência para as observações a Amazon que faz uso de algumas premissas do conceito de web 2. 0 com bastante êxito. Para não deixar as análises ainda mais longas, focarei em apenas uma premissa: participação do usuário. Assim fica mais fácil tecer os comentários.

Pensemos no nosso exemplo (Amazon) e observemos como a coisa funciona lá em termos de participação dos usuários. Na Amazon, os produtos podem ser comentados pelos consumidores e avaliados por eles. Para evitar fraudes (registradas), os próprios usuários têm seus comentários avaliados pelos outros usuários. Um comportamento bem condizente com as premissas da web 2. 0 (conteúdo gerado pelo usuário e criação de espaços de comunicação / interação entre as pessoas ao invés de apenas “entregar” informações). Com esta iniciativa, a Amazon permite que sejam criadas comunidades em sua loja. As pessoas ficam mais tempo no site e recebem auxílio de outros consumidores para tomarem suas decisões; afinal, a opinião de outra pessoa como eu vale muito mais pra mim do que a opinião do vendedor. Além disso, é fornecido ao consumidor a possibilidade de trocar idéias sobre os produtos em um fórum de discussão com acesso imediato, logo na página do produto. As conversas que vi nestes espaços vão além da recomendação de um produto ou sua avaliação e rumam para a colaboração efetiva entre os consumidores: um consumidor ajudando outro que tem dúvidas sobre o uso de um produto específico, por exemplo.

Ou seja: a aplicação de alguns princípios simples implicou em uma série de benefícios para a empresa. eu mesmo já me vi comprando produtos na Amazon não por outro motivo senão a recomendação de alguém. Isso não acontece facilmente em uma loja tradicional (física) e muito menos nos exemplos brasileiros.

  1. Casas BahiaUma pena que o maior varejista do setor no país tenha iniciado sua operação na web apenas em 2009. O atraso, entretanto, poderia ter proporcionado às Casas Bahia uma entrada triunfante na web brasileira. Afinal, não é todo mundo que pode se dar o luxo de começar do zero uma frente de vendas na web em plena era da web 2. 0.   Só que o que aconteceu foi o lançamento de uma loja bem, digamos, web 1. 0. Não há nenhum tipo de recurso que passe perto da possibilidade de avaliar um produto ou deixar meu comentário. A coisa mais perto disso (embora esteja bem distante, deve-se dizer) é a funcionalidade de mandar um e-mail a alguém com um link de um produto.
  2. Magazine LuizaO pioneiro do comércio eletrônico no Brasil ficou prá trás na web 2. 0. Aqui também há apenas a possibilidade (bem escondida, por sinal) de enviar um e-mail a alguém com um link para um produto. A possibilidade de interação pára por aí. Interação, então, nem pensar.
  3. SubmarinoA empresa que é sinônimo de vendas pela web no país parece ser a única que oferece esta funcionalidade, embora muito pouco explorada. Ao final das páginas dos produtos, é possível avaliar o produto e colocar uma opinião sobre ele. Mas a coisa pára por aí. Embora possa parecer bastante se comparado aos outros players brasileiros, o que temos aqui passa longe do que seria um pleno uso das possibilidades que podem ser exploradas com este tipo de funcionalidade. Além disso, esta possibilidade não é muito trabalhada junto aos consumidores. Ninguém se sente estimulado ao comentar sobre um produto e o caminho para isso não é muito claro (aposto que tem gente que compra regularmente na loja e nunca viu isso). Então… Apesar de ter algum tipo de ferramenta que pode ser bastante aproveitada, o Submarino perde muito ao não dar destaque a esta ferramenta e ao não incentivar o usuário a utilizá-la plenamente.

Então… Se alguém teve a paciência de ler até aqui, é hora de agradecer e concluir, certo?

Pois bem… É legal então ver que o conceito de web 2. 0 é muito mais amplo e interessante do que o uso da web como plataforma e certamente refere-se muito mais a uma mudança de comportamento ao enxergar a web do que uma palavrinha da moda.

Talvez por causa da interpretação errônea do conceito temos visto muitas empresas ignorarem alguns princípios bem interessantes e que podem ser bem vantajosos tanto aqui no Brasil quanto lá fora (aliás, este é outro conceito que devemos aprender a repensar… com a web, não existe mais “aqui” e “lá”, mas isso deve ser assunto para outro post).

*Vale explicar que esta abordagem é equivocada pois embora tenhamos alterações substanciais no composto de marketing, por exemplo, a virtualização do comércio não faz o suficiente para ser atribuído a este processo o título de “nova economia”; afinal, pessoas continuam trocando bens e serviços por dinheiro ou outros bens e serviços. Isso não é nada novo. Apenas o balcão mudou, não a economia.

Aprendendo a aprender

Volta e meia me vejo em conversas que têm como tema as relações entre alunos e as instituições de ensino. Sempre – nestas situações – me lembro de um post de 2003 do blog do Kottke que fala sobre o que precisamos entender para aprender. Ele cai como uma luva para explicar e dar suporte a  várias argumentações que construímos neste tipo de conversa. Entretanto, como ele não citava a fonte das informações em seu post, eu me sentia reticente ao me referir ao texto.

Só que hoje eu estou com tempo (super sarcasmo mode on) e resolvi traduzir a lista de ítens a considerar quando queremos aprender algo (minha tradução do título do post). Poque mesmo que não venha de uma fonte que eu consiga identificar, é um texto bacana e pode auxiliar muita gente.

O engraçado é que o Kottke postou a lista justamente por causa de uma situação específica em que ele e alguns colegas de trabalho (o texto é da época em que ele ainda não vivia de ser dono de blog) passaram. Ou seja: encaixa-se bem com as situações com as quais eu me deparo de quando em vez.

Sem mais delongas, então, a lista de coisas a considerar quando queremos aprender algo:

1. Release the need to be right. 1. Livre-se da necessidade de estar sempre certo.  Isso é bastante interessante. Nem eu estou ali por acaso (quero aprender) e nem a pessoa que foi colocada alí (ou que eu escolhi) para me ensinar sem que houvesse uma razão (normalmente baseada na competência) para tanto. Então, embora pareça óbvio, é sempre legal lembrarmos que para aprender, precisamos entender que não sabemos algo e que isso nos será ensinado ou nos ajudarão a descobrir. Assim sendo, é bem provável que – durante o processo – venhamos a cometer algum erro. Ou seja: não estamos sempre certos. Então, que nos livremos dessa necessidade, né?

2. Welcome one another’s thoughts and opinions. 2. Agradeça e esteja aberto a ouvir os pensamentos e opiniões dos outros.  Esta é bem legal. É bem freqüente alunos irem pra casa com dúvidas após uma aula. Isso é péssimo. Mas acontece porque muita gente recrimina o aluno que pergunta durante a aula. Que tal sermos mais tolerantes com isso? Outra situação bem freqüente é a de uma pessoa achar que está correta (não levando em conta o ítem anterior) e, por conseqüência, as outras – que por ventura tenham opiniões contrárias ou mesmo um pouco diferentes – estão erradas.

3. Suspend judgment. 3. Suspenda os julgamentos.  Para aprendermos, temos que estar abertos ao que nos é oferecido. Segurar um pouco nosso ímpeto de julgar (ou mesmo pré-julgar) as coisas que chegam pra gente.

4. Listen for understanding, not rebuttal. 4. Escute buscando o entendimento, e não apenas para construir contra-argumentações. Essa é também uma boa. E complementa os ítens anteriores. É muito comum as pessoas confundirem o desenvolvimento de senso ou olhar crítico com do desenvolvimento de um comportamento de criticar tudo o que lhe é apresentado. É sempre bom lembrar que são duas coisas bem diferentes.

5. Make personal statements by using “I” rather than “you”. 5. Faça suas considerações pessoais usando o “eu” ao invés do “você”.  Normalmente as pessoas quando adotam a postura de criticar tudo e todos, não fazem qualquer referência a si mesmos, sempre falando (provavelmente mal) dos outros. Para nos colocarmos em condições de aprender algo, devemos adotar esta postura. Isso evita que fiquemos falando das coisas dos outros e falemos mais de nós (as críticas tendem a diminuir).

6. Clarify first what was said before you challenge someone. 6. Torne claro o que foi dito anteriormente (por você ou por outros) antes de desafiar alguém numa argumentação.  Normalmente as argumentações e embates de idéias acontecem de forma bem calorosa quando há ataques.   E isso tudo se origina (em grande parte das vezes) porque alguma idéia não ficou clara. Tentemos então deixar as coisas bem claras antes de partirmos para o embate, que tal?

7. Take time to reflect. 7. Tire um tempo para refletir.  Isso serve para que tenhamos como “digerir” o que chegou até nós. Se não dermos tempo para fazer isso, as nossas conclusões podem não ser as mais legais. E em tempos de imediatismo exacerbado catalizado pela velocidade ta troca das informações, a gente tende a eliminar este tempo para refletir. Pior pra gente. Portanto, nunca é demais reforçar a máxima de pensar antes de falar e de agir.

8. Lean into discomfort. 8. Apóie-se (acostume-se a apoiar-se) no desconforto.  É das situações de desconforto que a gente consegue chegar às soluções mais geniais. Assim é no campo das idéias e da reflexão. Aprender é coloca-se no estado de desconforto, uma vez que você não sabe a coisa. A posição desconfortável de não saber ou não compreender algo é primordial para que possamos chegar ao ponto do entendimento compreendendo o processo de busca (o que é mais importante do que saber a coisa em si).

9. Respond first to what was said before making your point. 9. Responda primeiro à pergunta (ou afirmação) feita e depois exponha sua idéia.  Isso é bacana para que as coisas fiquem claras (6) e também para que a gente possa evitar falar dos outros (5) e atacar (4) os interlocutores.

10. Have fun. 10. Divirta-se.  Quando a gente aprende a aprender, o processo (que é o mais importante) deixa de ser tedioso e passa a ser divertido.

Então… Embora com cinco anos de diferença, é sempre legal agradecer ao Kottke por ter tornado a lista pública. E foi ótimo tirar da cabeça estas argumentações que fervilham aqui na cabeça desde 2003 quando tive contato com a lista.

Espero que ajude alguém a aprender melhor; respeitando colegas, instituições e professores.

Experience Design Manifesto

Você tem contribuído para a melhoria da vida das pessoas? As coisas que você faz melhoram as vidas das pessoas que as usam?

Experiences that foster happiness should have the following qualities:

  • Make people feel confident of themselves.
  • Make people feel they can do something better. Empowers people to do something in a better way.
  • Improve people’s lives helping to solve existing pragmatic problems
  • Make people have an enjoyable and fun time during the experience, thus making life worth to be lived.
  • Surprises people in a magic way, bringing delight to the eyes and making the mind wonder.
  • Create an emotional connection between everyone involved, the experience itself and the one supporting the experience (a brand or a person)
  • Make the world a better place to live
  • Strenghten relationships between people that live the same experience

O trecho acima foi extraído do Experience Design Manifesto. Uma dica imprescindível de leitura para todos aqueles que querem saber um pouco mais sobre a relação entre o seu sucesso e a experiência de quem usa aquilo que você faz. (via)

Pense nisso.

Aurora. Algumas anotações

Aurora é o nome de um experimento conduzido pela Adaptive Path, liderado pelo Jesse James Garrett que versa sobre possíveis novas maneiras de usar sistemas online. O projeto está sendo feito para a Mozilla Labs como parte de uma série de conceitos que exploram como poderemos usar a web e tudo relacionado a ela no futuro.

Ontem o Eduardo Loureiro compartilhou com a lista dos alunos de Design de Interação os vídeos que o pessoal do projeto colocou na rede. A seguir, algumas considerações sobre cada um dos três vídeos disponibilizados.

Em primeiro lugar é de se notar o importante trabalho de tentar algo novo baseando-se em pesquisa e propondo o rompimento de barreiras. O trabalho é muito interessante e bastante coerente. Entretanto, algumas pulgas (como era de se esperar) estão atrás da orelha.

Antes de ler, assista os vídeos (12 e 3).

Agora sim… Vamos lá. Sobre o primeiro vídeo, penso que a quantidade de elementos que o usuário tem no repositório e como ele (o usuário) os manipula parece ser um pouco distante da realidade da persona indicada no vídeo e o jeito que as coisas acontecem (na localização dos dados, por exemplo) parece um pouco confuso; principalmente a respeito do processo de busca e também da disposição dos elementos em três dimensões simuladas.

Vale aqui um destaque acerca da influência do design e do “jeito de ser” da Apple sobre o projeto.

É de se considerar também que cada uma das quatro áreas de elementos que o usuário tem a seu dispor está repleta de ícones e objetos que – nem sempre – facilitarão a vida de quem usa. Por outro lado, a iniciativa de esconder os comandos do browser e deixar a cargo do usuário que os re-acione é bem interessante. Entretanto, isso demandaria grande esforço para que o usuário deixe de usar elementos da interface do browser (como a barra de favoritos ou acesso a diferentes abas ou ao campo de endereços) e passe a usar elementos dos próprios sistemas interativos para se orientar. Ademais, a proposta de “esconder” os elementos atrás de um clique do mouse não me pareceu uma ação muito bacana para deixar que o usuário use os recursos. Por estarem escondidos, muitos usuários podem passar batido por estes recursos. Mas é algo que vale tentar, embora eu só imaginaria este tipo de solução quando houvesse problemas de disposição de elementos por falta de espaço útil. Mas entendo a proposta de deixar o conteúdo prevalecer o centro do sistema.

Além disso, o jeito que os usuários interagem entre si através das ferramentas propostas para colaboração parece ser um pouco improvável. Pelo jeito que a coisa acontece, parece que os dois estão lado a lado, e não usando uma rede de computadores.

Ainda sobre isso, a questão do transporte (arrasto) e encaixe de dados para a interação colaborativa é bem interessante, mas tudo teria que vir da mesma origem ou os fornecedores de conteúdo teriam que adotar padrões bem planejados para que a coisa procedesse daquela maneira.

Muito legal o esquema da navegação espacial. Fiquei bastante curioso para saber mais do tal mouse (ou algo que o valha) que está suspenso em uma espécie de braço retrátil com o qual o usuário acessa o sistema espacialmente no esquema 3D proposto.

Ainda sobre o primeiro vídeo, achei que o jeito que a colaboração entre os dois usuários acontece – sem confirmação de alterações na interface solicitadas por um interagente remoto – também um pouco improvável. Muito no que diz respeito a como as coisas acontece mas sem deixar de considerar que na possibilidade de ter mais gente mexendo, corre-se o risco de cair na situação do “someone keeps stealing my letters”.

Sobre o segundo vídeo, me pareceu um pouco difícil que um dispositivo com aquelas dimensões e com aquelas características ofereça precisão e funcione daquele jeito – ou seja: com os elementos com aquelas dimensões – com as personas exemplificadas. Mesmo usando e testando a interface do iPhone, que parece ser a clara inspiração para o dispositivo, não dá para dizer que aquela movimentação de elementos na diagonal e os cliques em elementos carregáveis se dariam da maneira mostrada. Mas como dito anteriormente, é muito bacana que se tenha proposto a coisa. Como conceito é bastante interessante, mas esta é ainda a fase da pesquisa e ideação. É preciso ver como estes sistemas e dispositivos se comportam em seus protótipos e avaliá-los.

Ainda sobre o segundo vídeo, outras coisas interessantes. Embora num dispositivo com dimensões bastante reduzidas se comparado ao original, percebe-se que a interface permanece a mesma, mas com menos itens nas linhas laterais. Seria legal uma explicação de quais seriam os itens que permaneceriam alí após a redução. Ou será que isso seria configurado pelos usuários? Outra coisa é o tamanho dos elementos clicáveis. Parece que é improvável ter precisão no clique quando num dispositivo tão pequeno, com elementos tão próximos e reduzidos.

Além disso, como a interface é navegável em três dimensões simuladas, quando saber para onde o usuário quer ir quando as maneiras de interagir são em 2D? Lembremos que agora estamos num dispositivo móvel sem a traquitana de interação espacial anteriormente mostrada.

Na hora de ver se há pessoas próximas que pertencem ao mesmo grupo de turistas, percebi que o usuário toca na interface no ponto em que um dos elementos destacados do trajeto está. Como o sistema distinguiria um clique para saber mais sobre o elemento daquilo que foi feito no vídeo?

A “inteligência” do browser é algo a questionar. Como ele sabe que são férias e não uma viagem a trabalho? Apenas pela localização? Além disso, a lista de eventos é montada baseada na localização. O usuário não precisará fazer nenhum tipo de planejamento? Nenhuma preleção?

Muito bacana o sistema de filtragem pela localização atual, há de se destacar. O esquema de mostrar as possibilidades de destino para os elementos em arrasto é muito legal, embora não seja novidade aqui. A aplicação é bastante eficiente. Para finalizar as impressões sobre o segundo vídeo, o elemento arrastado é visualizado em arrasto e solto fora da área de contato; uma espécie de paralaxe proposital. No mínimo, desafiador.

No terceiro vídeo, algo me incomodou: o ítem “satisfaction” na barra de elementos superior. O usuário arrasta o elemento para uma área específica da interface e tem acesso às opiniões dos usuários. Além da associação de idéias ser um pouco forçada, a questão é: como se chegou a esta situação? Simplesmente tirando uma foto como o vídeo sugere me soa um pouco conceitual demais.

O narrador menciona o “workspace”, mas gostaria de ver os passos. É que me parece que seriam muitos, e aí, fiquei curioso. Embora este seja o propósito do vídeo, seria legal pensar também como o usuário chega ao cenário ilustrado. Obviamente eles estão pensando nisso, mas eu fiquei cá com meus botões pensando: de quanto tempo de interação o usuário precisou para chegar àquele estado?

Sobre a interface onde acontece a interação, novamente, para que ocorra o “encaixe mágico” proposto, muita padronização dos dados fornecidos se faz necessária. Dessa forma, num primeiro momento, fico a pensar como os fornecedores de informação e de serviços como os utilizados para montar aquela situação se sobressairiam uns comparados aos outros, uma vez que eles precisam ser muitos e precisam, antagonicamente, fornecer dados padronizados para que sejam utilizados no sistema da forma que foi ilustrado.

Por último, novamente acerca das linhas laterais de objetos, há um filtro que isola pessoas no ambiente da rede acessado pelo dispositivo no final do terceiro vídeo. Nos três vídeos, uma série de atalhos são usados e todos eles estão dispostos nestas linhas. Me pareceu que será necessário que o usuário passe grande parte do tempo configurando estas listagens, pois todas potencialmente mudam de acordo com a situação ilustrada. Veja o que eu estou querendo dizer nestas imagens retiradas dos dois últimos vídeos, abaixo.

Uau, muitas perguntas, né? Mas acho que é o esperado quando se propõe algo tão novo. Acredito que o pessoal responsável esteja recebendo muitas mensagens com perguntas semelhantes às minhas e – certamente – este tipo de colaboração influenciará bastante o desenvolvimento; espero que positivamente, embora lidar com todos os inputs seja um desafio enorme para a equipe.

Design, segurança e mercado

Oito donos do carro da Volkswagen perderam parte do dedo ao rebater o banco traseiro. A empresa descarta fazer recall

E aí, qual é a sua opinião sobre o assunto? Para apimentar, mais um trecho:

De acordo com Márcio Montesani, diretor do Núcleo de Perícias Técnicas de São Paulo, o Fox exportado para a Europa tem um sistema mais seguro. No lugar da alça e da argola, há uma alavanca de metal paralela à base. “Não é possível sofrer esse tipo de ferimento no Fox europeu”, diz.

 

Boas maneiras móveis

Direto do Usability News:

TEN TIPS FOR MOBILE MANNERS
1. Use text messaging to reduce the social intrusion of a call.

2. Enable the “Silent” setting on your mobile phone in public places or open offices spaces.

3. Use text messaging like a pager.

4. Use text messaging as a notepad.

5. Change your voicemail greetings to include: “Don’t leave a message, rather text me”.

6. Instead of leaving a voicemail message send a text.

7. Use text messages to send regular updates on a business process directly to a customer’s mobile phone.

8. Avoid the inappropriate use of text messaging.

9. Ensure that there is an opt-out mechanism for consumers when sending out marketing messages via text.

10. Use a desktop messaging solution.

Acho que fica bem clara a importância das mensagens de texto, né? É interessante saber usar este recurso para nos relacionarmos com nossos contatos pessoais, profissionais e – obviamente – com nossos clientes. Nos primeiros casos, o mote é priorizar as mensagens de texto; junto aos clientes, além de priorizar, é importante saber usar, respeitando os limites e as vontades dos clientes.